Série Agilidade: Como vencer as resistências para adoção do pensamento ágil? E seguir evoluindo.

Dando continuidade à série sobre o assunto Agilidade, nesse artigo vamos compartilhar a nossa visão, como trabalhar as resistências na adoção do pensamento ágil e como evoluir a prática.

Se você está chegando nesse texto, seja muito bem-vindo, mas recomendamos que dê uma lida nos dois primeiros artigos dessa série Agilidade a base e por onde começo?  e Squad, por onde começar? Onde compartilhamos os fundamentos e algumas dicas de como iniciar a aplicação do pensamento ágil, além de explicarmos os fundamentos das Squads e como formar uma, vale a pena conferir.

Vamos iniciar pela resistência na adoção a prática do pensamento ágil e pela nossa experiência a primeira parte é entender a origem e como podem surgir essas resistências.

A vivência somada a literatura, nos mostra que o ser humano em geral não gosta de mudanças, pois elas provocam uma necessidade de se abrir para algo novo, que irá gerar um esforço de aprendizado, deixar de fazer o que estamos acostumados, isso habilita o medo do desconhecido. Além da questão individual, não podemos desconsiderar a cultura da empresa, tem um pensamento/frase muito conhecida do Peter Drucker que:

“a cultura come a estratégia no café da manhã”.

A cultura de uma empresa é um fator muito importante, pois ela representa a história, os valores e tudo que foi construído pelas pessoas que ali passaram, e deve ser levada em consideração durante um processo de implantação do pensamento e das práticas ágeis. Na maioria dos casos em que a mudança não é bem-sucedida, a principal causa está relacionada a ignorar ou dar pouca importância para cultura.

Vamos compartilhar um caso que é muito comum e talvez você já tenha visto ou vivido:

A empresa tem entre 3 e 4 décadas de história, está consolidada no mercado, mas entende que é necessário inovar e ser mais alinhada com o cliente e, portanto, mais eficiente na geração de valor. Com esse direcionamento, inicia-se um processo de transformação digital ou ágil.

O Primeiro passo contrata-se um Gestor Sênior (normalmente contrata ele de uma Startup que teve sucesso), ele chega e recebe a missão de implantar a transformação, nos primeiros movimentos dentro da organização, ele identifica que precisa trazer profissionais de mercado já habilitados para trabalhar nesse modelo (profissionais que na sua grande maioria, também trabalham ou trabalharam em Startups). Está tudo indo bem, parece a estratégia perfeita, mas essas pessoas chegam na empresa e se deparam com políticas, regras bem menos flexíveis, como:

  • Horário fixo de trabalho;
  • Dress code mais formal (e não estamos falando de terno e gravata, estamos falando de jeans, camisa e não bermudas e camisetas);
  • Tecnologia padronizada, seguindo as boas práticas de governança da empresa;
  • Nada de home office, necessidade de estar presente no escritório…

Algo bem diferente do ambiente de onde todos vieram, e a consequência na grande maioria dos casos é a transformação ficar apenas no papel. Logo esses profissionais que chegaram, se frustram e saem da empresa, pois a cultura e as regras da empresa não estão alinhadas com o propósito delas.

E entenda que não há nada de errado ou que estamos criticando a cultura Startup de trabalho, muito pelo contrário, o erro está em querer aplicar ou em muitos casos impor essa cultura dentro de empresas já existentes, não adianta você olhar para o que o Spotify, PicPay, Nubank entre outras fazem e querer simplesmente replicar dentro da sua empresa, não vai funcionar! E pior ainda vai queimar o modelo, a prática ágil e irá frustrar muitas pessoas, além de jogar muito dinheiro e tempo fora.

Legal, mas como podemos contornar isso, assim como falamos no artigo Agilidade a base e por onde começo? é preciso:

  • Entender o modelo/prática.
  • Adotar o modelo/prática.
  • Adaptar o modelo/prática a realidade da empresa.

É necessário iniciar um trabalho em colaboração com o time de Desenvolvimento e seleção de Pessoas (RH), com foco em atualizar e adaptar as políticas e regras de conduta da empresa para apoiar as pessoas e os gestores durante o processo de mudança ou transformação. As pessoas sejam gestores ou time operacional necessitam de um respaldo e apoio para conduzirem e passarem por esse processo.

Além de pensar nas pessoas que é a base de toda a transformação digital ou ágil, é necessário envolver a área de tecnologia, ela também em muitos casos necessita passar por um processo de atualização/adaptação com relação aos processos de segurança, gestão de mudança, tecnologias plataformas utilizadas, políticas como BYOD Bring Your Own Device ou (Traga o seu próprio dispositivo) entre outras, precisam ser avaliadas, desenvolvidas e comunicadas, ou seja, é necessário passar por um processo de atualização, para apoiar a inciativa de transformação.

Claro que não existe uma única maneira de eliminar as barreiras/resistências, cada empresa irá apresentar um cenário, mas o que temos visto e acompanhado em nossa jornada dentro das empresas é que elas passam em linha gerais por:

  • Ter o envolvimento e apoio da alta liderança da empresa;
  • Trabalhar de maneira colaborativa entre as áreas (principalmente Desenvolvimento de Pessoas e Tecnologia);
  • Preparar os colaboradores da empresa com capacitação, ferramentas e práticas;
  • Desenvolver o modelo de Agilidade que contemple as práticas e ferramentas necessárias para serem aplicadas e alinhadas com as características e necessidades da organização;
  • Mesclar o grupo de colaboradores já existentes com os profissionais de mercado habilitados para trabalhar com o modelo;
  • Alterar e adaptar as políticas e regras de conduta da empresa, permitindo maior flexibilidade;
  • Ter um processo de comunicação objetivo e transparente em todas as camadas da organização.

Pode haver mais algum ponto a ser levado em consideração, mas se você trabalhar esses elementos, a chance de sucesso no processo de mudança e aplicação do pensamento e práticas ágeis crescem exponencialmente.

Para evoluir a prática dentro da organização é necessário:

  • Continuar o processo de comunicação objetivo e transparente em todas as camadas da organização;
  • Definir e alinhar os Objetivos de Negócio (OKRs) com todos os níveis da organização, se você ainda não sabe o que é OKR, leia o artigo O que é OKR e como aplico na minha empresa?;
  • Alinhar e evoluir o modelo de Agilidade da Empresa com todos os times ágeis;
  • Realizar benchmarking com empresas referências na prática ágil no mercado;
  • Desenvolver um fórum de troca de experiências entre os profissionais de agilidade da empresa;
  • Conectar os profissionais que atuam com agilidade dentro da empresa com os eventos externos com foco em difundir a prática.

Novamente, a evolução da prática não se esgota nessa lista, mas entendemos que eles oferecem uma base para você tracionar o processo de evolução das práticas ágeis dentro de uma empresa.

Uma última dica que gostaríamos de deixar, caso você esteja utilizando o Método Kanban, como base central para aplicação das práticas ágeis dentro de sua empresa, uma boa referência para avaliar a maturidade e portanto evolui-la é o Kanban Maturity Model.

Modelo – Kanban Maturity Model

Livro – Kanban Maturity Model

Onde encontrar?

Ele é bem completo e irá fornecer os direcionamentos necessários para que você possa avaliar e evoluir a prática ágil, baseada no Método Kanban.

Esperamos que esse texto tenha ajudado com algumas dicas e reflexões.

No próximo artigo, vamos abordar os fundamentos do OKR (Objective Key Results) e como iniciar a sua aplicação.

Até lá!

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